O uso clínico de Cetamina é seguro?

O uso clínico de cetamina é um tema controverso que tem gerado debates acalorados entre profissionais da saúde e pesquisadores. A cetamina, um anestésico dissociativo conhecido por sua capacidade de produzir efeitos alucinógenos e dissociativos, tem sido utilizada em contextos clínicos para o tratamento da depressão, transtorno de estresse pós-traumático, transtorno bipolar e outras condições psiquiátricas. No entanto, a segurança do uso da cetamina como tratamento psiquiátrico ainda é objeto de questionamento. 

A cetamina tem sido amplamente estudada como uma alternativa promissora para o tratamento de transtornos mentais resistentes a terapias convencionais. Seus efeitos antidepressivos rápidos e duradouros têm sido bem documentados em inúmeros estudos clínicos, levando à aprovação da FDA nos Estados Unidos  e da ANVISA no Brasil para o uso de um spray nasal de cetamina no tratamento da depressão resistente.

Apesar dos benefícios terapêuticos potenciais da cetamina, sua segurança tem sido motivo de preocupação para muitos profissionais de saúde. A principal preocupação está relacionada aos efeitos colaterais da droga, que incluem alucinações, pressão arterial elevada, náuseas, vômitos e aumento da pressão intracraniana. Além disso, há preocupações sobre o potencial de abuso e dependência da cetamina, que é frequentemente utilizada como uma droga recreativa devido aos seus efeitos dissociativos.

No entanto, estudos recentes têm sugerido que a cetamina pode ser considerada segura quando administrada sob a supervisão de profissionais de saúde qualificados. Os efeitos colaterais da cetamina são geralmente leves e transitórios, e podem ser facilmente controlados com o uso de medicações adicionais. Além disso, a cetamina é rapidamente metabolizada pelo organismo, o que minimiza o risco de efeitos colaterais a longo prazo.

Além disso, a cetamina tem se mostrado eficaz no tratamento de emergências psiquiátricas, como ideação suicida e síndrome do pânico. Sua rápida ação antidepressiva pode fornecer alívio imediato para pacientes em crise, reduzindo a necessidade de hospitalização e intervenções mais invasivas.

É importante ressaltar que o uso da cetamina no contexto clínico deve ser cuidadosamente monitorado e individualizado para cada paciente. A dosagem, a duração do tratamento e a frequência das aplicações devem ser adaptadas às necessidades específicas de cada indivíduo, com base em sua condição clínica e histórico médico.

Em conclusão, o uso clínico de cetamina é seguro quando administrado por profissionais de saúde qualificados e devidamente treinados. Apesar das preocupações sobre seus potenciais efeitos colaterais, a evidência atual sugere que os benefícios terapêuticos da cetamina superam os riscos associados ao seu uso. Mais pesquisas são necessárias para avaliar a segurança e eficácia a longo prazo da cetamina em diferentes populações e contextos clínicos, mas até o momento, parece ser uma ferramenta valiosa no arsenal terapêutico para transtornos mentais resistentes ao tratamento convencional.

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