TERAPIA COM MDMA E PSILOCIBINA PODEM MELHORAR OS SINTOMAS DE LONG-COVID

Long-COVID é uma síndrome que persiste após a fase aguda da doença Coronavírus 2019 (COVID-19) e carece de opções de tratamento holístico eficazes. 

O vírus que foi identificado pela primeira vez em Wuhan – China, em 2019, espalhou-se, levando a uma pandemia mundial. Trata-se de uma doença respiratória, altamente contagiosa, causada pelo Coronavírus 2 da síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV-2). 

A maioria dos indivíduos que contraem COVID-19 apresentam sintomas leves a moderados e se recuperam em poucas semanas. No entanto, uma proporção significativa de indivíduos continua a apresentar sintomas, mesmo após a resolução da fase aguda da doença, uma condição conhecida como Long-COVID ou sequelas pós-agudas da infecção por SARS-CoV-2 (PASC). 

Os sintomas de COVID de longa duração podem ser diversos e variar de leves a graves, incluindo fadiga, depressão, ansiedade, dores nas articulações, dores de cabeça e comprometimento cognitivo. 

Atualmente, não existem opções de tratamento eficazes ou amplas para o Long-COVID, mas alguns tratamentos relacionados aos sintomas foram testados. As opções tradicionais de tratamento incluem reabilitação, fisioterapia e medicamentos e podem não ser totalmente eficazes para todos os indivíduos. 

Os psicodélicos têm se mostrado promissores no tratamento de diversas condições médicas, como depressão, ansiedade, TEPT e dependência. Uma revisão recente sugeriu que a psilocibina e a 3,4-metilenodioximetanfetamina (MDMA) podem ser uma opção de tratamento eficaz para os desafios de saúde mental associados à COVID-19. 

Um estudo foi realizado com uma mulher de 41 anos (IMC 27,4), previamente saudável, com histórico de enxaquecas, que desenvolveu sintomas de Long-COVID após contrair COVID-19, em fevereiro de 2022. 

A paciente relatou crises intermitentes de enxaqueca, com ocorrências de duas a quatro vezes por mês, desde a adolescência. Após o  diagnóstico de COVID-19 agudo, surgiram outros sintomas adicionais à dor de cabeça, como: dor de garganta, febre, tosse, gotejamento pós-nasal, fadiga, dores no corpo, alteração do paladar e diminuição do olfato. 

Ao final da fase aguda da doença, foram relatados os sintomas pós-COVID, incluindo ansiedade grave, depressão, insônia, dores nas articulações (quadris, joelhos, ombros, mandíbula), problemas cognitivos (névoa cerebral, má compreensão e resistência de leitura, busca de palavras e memória de curto prazo), dor de cabeça intensa e diferente de suas enxaquecas e uma diminuição acentuada da libido.  

As opções de tratamento convencional e técnicas terapêuticas disponíveis não surtiram efeito e, sob a orientação de um terapeuta, a paciente iniciou um protocolo com 3,4-metilenodioximetanfetamina (MDMA) e cogumelos secos Golden Teacher psilocybin cubensis. 

Na primeira sessão foi aplicada a dosagem de 1 g de cogumelos dourados inteiros secos, psilocibina cubensis, resultando em melhora imediata de 20% em sua depressão, fadiga, dores nas articulações e dor de cabeça, durante 7 dias. A segunda sessão ocorreu após 24 dias, sendo uma dose única de MDMA 125 mg e duas doses de 2g de cogumelos dourados inteiros secos, psilocibina cubensis, preparados em chá, em intervalos de uma hora. 

Após a segunda sessão de dosagem, a paciente relatou melhora significativa em seus sintomas pós-COVID, incluindo fadiga, depressão, ansiedade, dores nas articulações e dores de cabeça. A paciente conseguiu retornar ao trabalho e sua função cognitiva melhorou, permitindo-lhe retomar os estudos de doutorado. A insônia da paciente também melhorou, sendo possível parar de tomar anti-histamínicos. 

A dor de cabeça (que era diferente das enxaquecas) foi reduzida para, aproximadamente, uma vez por semana em comparação com a linha de base anterior e diminuiu para menos de 2–4 horas por ataque, apresentando melhoria em relação à duração típica de 8–12 horas. A intensidade das dores de cabeça permaneceu em 30% do pico anterior e a melhora dos sintomas foi de aproximadamente 80%, em uma escala de 0 a 100. 

Seis semanas após a sessão, a paciente relatou que a pressão na cabeça voltou a aproximadamente 30% da gravidade anterior. Foi realizada outra sessão com dose de 2 g de cogumelos psilocibina cubensis e os sintomas diminuíram para 90% de alívio e com mais uma dosagem, após dois meses, houve a remissão dos sintomas. 

Observou-se os efeitos dos psicodélicos na expressão genética como um meio de influenciar a plasticidade sináptica e a inflamação neural, bem como diminuir os reagentes de fase aguda, o que poderia estar subjacente aos benefícios sustentados observados em estudos de depressão e outras condições neuropáticas crónicas. 

Até o momento, não existem diretrizes consensuais para dosagem padrão ou protocolos de administração, embora existam vários relatos na literatura citando 0,143 mg/kg para dores de cabeça crônicas. 

Ainda não há estudos finalizados sobre o uso de MDMA ou psilocibina para tratamento de Long‐COVID. Contudo, este caso reforça a necessidade de uma investigação mais robusta, com amostras maiores, sobre o uso de psicodélicos para uma doença crônica mal controlada como a Long-COVID. 

Referências

CHOPRA, Harman et al. Long‐COVID symptoms improved after MDMA and psilocybin therapy: A case report. Clinical Case Reports, v. 12, n. 6, 2024.

Doi: 10.1002/ccr3.8791

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC11133386

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