USO TERAPÊUTICO DO LSD NA REDUÇÃO DA SINTOMATOLOGIA PSIQUIÁTRICA

A dietilamida do ácido lisérgico (LSD) sempre despertou grande interesse entre os psiquiatras, pelo seu potencial como um agente terapêutico. 

O LSD é um psicodélico clássico, que compartilha sua estrutura química com a psilocibina e a dimetiltriptamina (DMT), como uma variante da indolamina (estrutura química semelhante ao neurotransmissor serotonina). 

Os psicodélicos clássicos são substâncias psicoativas que se acredita mediarem seus efeitos principalmente por meio de uma atividade agonista no receptor de serotonina 2A (5-HT2A). 

O LSD é um dos clássicos mais potentes disponíveis. O LSD não acarreta dependência física como síndrome de abstinência, o uso frequente ou prolongado pode levar à tolerância e, após uma única dose, a estabilidade emocional, física e mental é rapidamente recuperada. 

Os psicodélicos clássicos, em particular o LSD, apresentam toxicidade fisiológica muito baixa, mesmo em doses muito altas, sem qualquer evidência de danos orgânicos ou déficits neuropsicológicos associados ao seu uso. Sua segurança levou recentemente a considerar o LSD como uma das substâncias recreativas psicoativas mais seguras. 

No entanto, o LSD continua sendo um dos agentes mais estigmatizados e legalmente restritos entre as substâncias psicoativas. Ele ainda está incluído na Lista I da classificação de drogas das Nações Unidas, restringindo seu uso em pesquisas e dificultando seu uso potencial como ferramenta terapêutica na medicina. 

Em relação ao seu potencial terapêutico, o LSD foi utilizado das décadas de 1950 a 1970 para alcançar mudanças comportamentais e de personalidade, bem como remissão de sintomas psiquiátricos em vários transtornos. O LSD foi utilizado no tratamento de ansiedade, depressão, doenças psicossomáticas e dependência química. 

Registros do banco de dados da Multidisciplinary Association for Psychedelic Studies (MAPS) demonstraram que o LSD, juntamente com um acompanhamento adequado durante sua administração, poderia reduzir a dor, a ansiedade e a depressão em pacientes com câncer avançado. A análise envolvendo amostras maiores de pacientes também estabeleceu sua segurança e resultados promissores em pacientes com câncer terminal. 

O estudo em pacientes esquizofrênicos, no entanto, alcançou menor resposta à mesma dose e piores resultados clínicos, em comparação com pacientes não esquizofrênicos. Os dados indicam que a responsividade de pacientes esquizofrênicos à administração de ácido lisérgico é pouco menor que a de indivíduos normais. 

A reação ao LSD envolve uma série de interações complexas entre doses, “set” (pensamentos, humor e expectativas do sujeito antes do tratamento) e “setting” (o ambiente físico e interpessoal no qual o sujeito passa pelo tratamento). 

Três abordagens principais diferentes para o uso do LSD como tratamento foram então aplicadas à pesquisa clínica: “terapia psicolítica”, “quimioterapia psicodélica” e “terapia de pico psicodélico”. 

Na terapia psicolítica, praticada principalmente na Europa, doses baixas-moderadas (25-200 mcg) desta droga foram usadas em mais de uma sessão terapêutica de orientação psicodinâmica. 

Na quimioterapia psicodélica, o uso da droga em si foi enfatizado em doses relativamente altas (200 mcg ou mais), com uma abordagem psicoterapêutica muito limitada ou ausente. 

Quanto à terapia de pico psicodélico (ou “terapia psicodélica”), ela envolve a administração de uma dose única e relativamente alta com o objetivo de desencadear uma experiência do tipo místico (“experiência de pico” ou “dissolução do ego” como sinônimos). 

Essa abordagem deve incluir a preparação prévia adequada do paciente (set) e um ambiente confortável durante a sessão (setting), bem como uma discussão sobre isso durante as sessões de acompanhamento subsequentes com o sujeito (pós-tratamento relacionado à sessão de LSD) 

As experiências místicas são referidas como aquelas nas quais uma sensação de unidade com o ambiente é experimentada, alcançando uma experiência transcendental vívida em um nível emocional, cognitivo e ego-estrutural, após uma preparação terapêutica prévia e pessoal. O objetivo é catalisar mudanças rápidas e fundamentais no sistema de valores e na autoimagem do sujeito.

O uso de LSD como um tratamento de sintomas neuróticos, como neurose depressiva, reação obsessivo-compulsiva, reação fóbica, estado de ansiedade, histeria, psiconeurose com sintomas somáticos, transtorno de caráter e neurose sexual, mostrou melhores resultados em termos de saúde geral entre 6 e 12 meses. 

Essa melhora (focada principalmente na sintomatologia e na autoatualização) foi significativamente maior para o grupo de tratamento com LSD, em comparação ao grupo de controle de “tratamento usual”, bem como, para algumas medidas usadas para o grupo de controle de placebo ativo (LSD), em comparação ao grupo de controle de “tratamento usual”. 

Quando observada a ansiedade associada à doença inflamatória crônica, doença motora crônica e câncer. Todos os pacientes apresentaram tendência positiva na redução da ansiedade, dois meses após a ingestão, bem como uma redução significativa na ansiedade. 

Os resultados observados revelaram o potencial terapêutico do LSD na redução da sintomatologia psiquiátrica, demonstrando importantes mudanças positivas em curto prazo. 

 

Referências

FUENTES, Juan José, et al. Therapeutic use of LSD in psychiatry: a systematic review of randomized-controlled clinical trials. Frontiers in psychiatry 10, p. 943, 2020.

https://doi.org/10.3389/fpsyt.2019.00943

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